O publicitário Evandro Abreu passou boa parte da vida na praia entre amigos surfistas, mas apesar da proximidade com essa tribo, não fazia parte dela. Anos depois, em 1999, essa história mudou e o surf entrou de vez em sua rotina.
Evandro não pega onda, mas é responsável pela realização do maior campeonato de surf do país, o SuperSurf, que chega este ano a sua décima edição. A história do evento foi contada nesta segunda-feira, 29 de junho, no curso Surf: Administração, Marketing e Gestão de Negóciospromovido pelo Ibrasurf na Escola de Educação Física e Esporte da USP. Com formação em publicidade e especialização em organização de eventos, Evandro passou por empresas como a MTV e a Adidas antes de entrar para o grupo da Editora Abril. Em 1999, o surf competição contava com premiação baixa para os atletas e estrutura amadora. Pensando nisso, a Abril comprou os direitos do Circuito Brasileiro de Surf Profissional e criou a marca SuperSurf, para atrair a atenção dos jovens sem ter que usar apenas mídias impressas. No início, a organização do evento enfrentou dificuldades, já que o surf ainda era visto com preconceito pelas grandes empresas. A editora então aumentou a premiação para os competidores, investiu em estratégias de marketing para atrair anunciantes e o SuperSurf caiu no gosto do público. O evento faz parte da unidade “Homens” da Editora Abril, que conta também com as revistas Playboy, VIP e Men’s Health. Assim, o patrocinador que fechar com a marca tem direito a publicidade nessas mídias, além da publicação do resumo de cada etapa em página dupla. O auge do circuito foi em 2004, quando grandes empresas de fora do setor surf entraram no evento, como a TIM, a Volkswagen, a Skol e a C&A, que assumiu o co-patrocínio. “As empresas de fora do segmento estão na jogada mais pelo retorno de mídia que o SuperSurf proporciona do que pelo evento em si”, comentou Evandro. Este é mesmo o forte do circuito, que chega a render cerca de 3,5 milhões de reais por etapa para os patrocinadores. Em 2009, com a décima edição do circuito veio também o fantasma da crise. Os patrocinadores reduziram o investimento e a organização foi obrigada a reformular o projeto. O evento perdeu um dia de prova e o pacote comercial teve que ficar mais atrativo. “O SuperSurf precisa agradar à Abril, aos patrocinadores e aos atletas para ser viável”, explica o organizador. Enquanto os patrocinadores buscam bom retorno de mídia, boa estrutura e boas ações promocionais, os atletas querem um evento com boa premiação e que aconteça em lugares e datas adequadas. Para exemplificar essa teoria, Evandro citou a realização do SuperSurf em Maresias. A praia é unanimidade entre os atletas, mas não atendia a algumas necessidades dos patrocinadores. Já a etapa do Guarujá, que abriu a temporada em 2009, pecou por acontecer bem no final de semana do Dia das Mães, mas saiu na frente em retorno de mídia pela proximidade com a capital paulista. Um dos temas discutidos que mais causou polêmica entre os alunos foi o caso da premiação ao campeão brasileiro de 2007. Pelo ranking, o paranaense Jihad Khodr ganhou o circuito, mas como o atleta faltou no exame anti-doping no qual foi convocado na última etapa, perdeu pontos e foi passado pelo ubatubense Renato Galvão. Descontente com a ação da Abrasp, que deu o título a Galvão, Jihad entrou com um processo na justiça comum e desde então o carro oferecido ao campeão de 2007 está sob júdice, parado em uma garagem. A próxima etapa do circuito acontece entre os dias 23 e 26 de julho em Itamambuca, Ubatuba, única praia que nunca saiu de cena no calendário do SuperSurf. Na semana que vem, o convidado do curso é Claudio Martins de Andrade, diretor-executivo do Waves, que vai falar sobre “Mídia Surf”. O curso Surf: Administração, Marketing e Gestão de Negócios acontece todas as segundas-feiras até o dia 13 de julho, das 19h às 21h45, na Escola de Educação Física e Esporte da USP. O curso é uma realização do Ibrasurf e da EEFEUSP Junior e conta com o apoio da USP, Waves, Star Point, e William Woo. Marilia Fakih – Ibrasurf
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