Recifes de coral (parte 2)

Por Renata Porcaro Sabemos que os recifes de coral são ambientes muito ricos. Mas a diversidade de espécies encontradas em um recife de coral varia de acordo com aspectos: – geológicos, ou seja, como o recife foi formado; – biológicos, ou seja, quais organismos participaram do processo de formação e – geográficos, que se referem à localização do recife e consequentemente às características químicas da água do mar daquela região. Os recifes do Indo-Pacífico, por exemplo, são reconhecidos pela maior diversidade, apresentando quase o dobro de espécies de corais existentes nos recifes do Caribe, que por sua vez são mais diversificados que os do Brasil (figura 1). Mesmo com essas diferenças, os recifes localizados na costa brasileira apresentam altíssima diversidade biológica quando comparados com outros ambientes marinhos. Na costa do nordeste do Brasil estão localizados os únicos recifes de coral de Atlântico Sul. Além do Atol das Rocas e Fernando de Noronha, as comunidades coralíneas estão distribuídas entre o Parcel de Manuel Luís (MA) (figura 4) até os recifes de Viçosa (BA) (figuras 2 a 4). Em 1967, Jacques Laborel publicou uma descrição geral completa de recifes de coral brasileiros, na qual destaca que recifes brasileiros são caracterizados por espécies endêmicas de gorgônias, esponjas e corais do gênero Mussismilia. Os corais do gênero Mussismilia formam colônias maciças e globulares, fortemente presas no substrato. Podem atingir até mais de 1 m de diâmetro e as colônias vivas têm a coloração cinza e amarela esbranquiçada. As espécies Mussismilia braziliensis, Mussismilia harttii e Mussismilia hispida são endêmicas da fauna brasileira (figuras 5 a 7) e tem características arcaicas. As espécies Mussismilia braziliensis e Favia leptophylla (figura 8) apresentam o maior confinamento geográfico e são registradas apenas nos recifes da costa do Estado da Bahia, sendo o principal construtor das partes altas dos recifes da área de Abrolhos e da costa norte do estado. Em outubro de 2002 o mesmo pesquisador voltou ao Brasil e mergulhou novamente nos recifes da costa pernambucana, onde estimou uma redução de até 80% da cobertura de coral nessas últimas quatro décadas. Essas áreas visitadas por Jacques Laborel passaram por diferentes processos de uso que incluem mineração de corais, pesca e turismo. A exploração dos recifes no Brasil é histórica, e inclui retirada de blocos de arenito e corais para construções de fortalezas (até século XVII) e para suprir com cal a refinação de açúcar, usado como agente clarificador para o xarope de açúcar (até 1970). Hoje em dia os impactos são diretamente relacionados às atividades humanas mais intensas e à poluição doméstica, e concentram-se principalmente ao redor das capitais dos estados. O turismo também ameaça áreas recifais, com ancoragem inadequada e vazamentos de óleo de embarcações, lixo, pisoteio (figura 9) e mergulhadores descuidados. A pesca com bombas (figura 10) é outra atividade de alto impacto para os ambientes recifais. Essa prática criminosa ocorre na região nordeste e em muitas outras regiões do planeta e destrói não apenas os corais mas também o substrato e praticamente tudo ao redor, tornando a recuperação do ambiente muito difícil. Em 1997 foi criada a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, ao longo de 130 km de costa, entre os estados de Pernambuco e Alagoas. Esta APA é a maior unidade de conservação federal marinha em e a primeira a proteger parte dos recifes costeiros da costa do nordeste. Mesmo assim, devido ao uso desordenado ao longo dos anos, muitos ambientes recifais da costa brasileira e do mundo, principalmente os localizados em áreas mais próximas aos continentes, encontram-se em acelerado processo de degradação. Apesar das indicações dessa degradação, poucos estudos apresentam um panorama geral ou uma avaliação das principais causas antrópicas ou naturais. Em uma coletânea de estudos sobre o status dos recifes de coral ao redor do mundo, realizado em 2002 pelo Australian Institute of Marine Science, foi estimado que 500 milhões de pessoas residentes em países em desenvolvimento dependam de alguma forma de ecossistemas de recifes de coral. Portanto, a qualidade destes ambientes afeta diretamente essas pessoas. O mesmo trabalho afirma que grande parte dos recifes de coral do mundo se encontra também fora de áreas protegidas. Muitos países não contam com programas nacionais de proteção aos recifes de coral ou qualquer tipo de monitoramento desses ambientes e desconhecem, portanto, a extensão dos prejuízos em seus próprios territórios. Estudos de monitoramento dos recifes de coral são importantes devido à correlação encontrada entre eventos de branqueamento* e mudanças climáticas globais. A avaliação da saúde desses ambientes é imprescindível para dar início a qualquer ação de proteção e recuperação desses ambientes e para tentar frear as principais atividades geradoras de impactos.   Dúvidas e sugestões, me escreva: renata.porcaro@gmail.com.]]>

Recifes de coral (parte 1)

Por Renata Porcaro  Sempre que nós, surfistas, pensamos em um recife de coral, imediatamente associamos com ondas perfeitas. Conheça um pouco mais sobre esse ambiente tão rico e diverso. Os recifes são ecossistemas marinhos ricos, complexos e altamente produtivos. Mesmo ocupando pequena porção da superfície total do fundo oceânico, são reconhecidos por abrigar a maior densidade de biodiversidade de todos os ecossistemas. Fatores como temperatura, intensidade luminosa, profundidade, concentração de nutrientes, material em suspensão e correntes são determinantes para sua distribuição geográfica. A maioria é encontrada em regiões tropicais e subtropicais dos oceanos de todo planeta (figura 1), ou seja, onde a água tem temperatura entre 25 e 30°C. Além da importância biológica, são fontes de recursos econômicos de milhares de pessoas, a partir de atividades de pesca e turismo. Em algumas regiões os recifes de coral funcionam como uma barreira que evita a erosão da costa pela ação das ondas (figura 2). Muitos ambientes com espécies diferentes de corais fornecem matéria prima para pesquisas na área farmacológica. Devido às das complexas cadeias alimentares e à intensa competição por espaço entre os organismos sésseis*, algumas espécies de coral produzem substâncias químicas utilizadas na proteção contra predadores e inibição da ocupação do espaço por competidores. A estrutura dos recifes é rígida e resistente à ação de correntes marinhas e ondas, podendo ter formatos variados como barreira (figura 3) ou atol (figura 4). É formada a partir da sobreposição de várias gerações de corais ou outros organismos portadores de esqueleto calcário. A denominação “recife de coral” é devida ao papel importante desses organismos para o sucesso ecológico do recife, porém, em diversas regiões incluindo o Brasil, algas calcárias e outros organismos tem tanta relevância no ecossistema quanto os corais. Os corais são animais invertebrados pertencentes ao Filo Cnidaria (o mesmo das águas-vivas e anêmonas) e à classe Anthozoa. Pode ser solitários ou coloniais, com cada colônia formada por milhões de pólipos segregados um fino esqueleto de carbonato de cálcio à sua volta. A estrutura consolidada do recife de coral permite que o ecossistema tenha alta diversidade também de invertebrados bentônicos*. Os corais não fazem fotossíntese, mas tem uma relação simbiótica* com algas zooxantelas. As células das algas ficam alojadas dentro do tecido dos pólipos e além de darem a cor ao coral, produzem componentes orgânicos que lhes servem de alimento. O coral, por sua vez serve de abrigo e fornece os nutrientes necessários à sobrevivência das algas. Por isso a intensidade de luz e a profundidade são fatores limitantes na distribuição geográfica de recifes: as algas precisam da luz para fazer a fotossíntese e quanto maior a profundidade, menor a penetração de luz na coluna de água. Os recifes sofrem impactos causados por atividades como sobrepesca e poluição por esgoto doméstico e industrial. As mudanças climáticas também influenciam na saúde desses ambientes. Um pequeno aumento na temperatura das águas superficiais pode provocar um fenômeno conhecido como branqueamento (figuras 5), que é a perda das zooxantelas. A quebra da cooperação vital que beneficia ambos os organismos faz com que o coral perca sua cor e exiba o esqueleto calcário, como pode ser observado na figura 6 (daí o nome “branqueamento”). O fenômeno pode provocar mudanças na estrutura das comunidades do recife e consequentemente afetar seu equilíbrio ecológico. Em diversos locais, eventos de branqueamento foram correlacionados com El Niño, quando a temperatura da água do mar fica mais elevada. A diminuição do pH dos oceanos (acidificação) também tem impacto sobre os corais e outros organismos com esqueleto calcário. Desde o início da revolução industrial, o oceano absorve grande parte do dióxido de carbono (CO2) da atmosfera resultante de atividades humanas. O papel do oceano é, portanto, imprescindível para o controle das mudanças climáticas, mas essa absorção causa efeitos nas propriedades químicas da água, dentre os quais a acidificação. No artigo do mês que vem vou continuar nesse tema e abordar um pouco mais sobre os impactos causados pelas atividades humanas nos recifes e sobre a situação desse tipo de ambiente no Brasil. Dúvidas, críticas e sugestões: renata.porcaro@gmail.com   Glossário: Organismos sésseis = não se deslocam voluntariamente do seu local de fixação Invertebrados bentônicos =  animais que vivem sobre ou enterrados no substrato do fundo do mar. Relação simbiótica = relação mutualmente vantajosa, na qual, dois ou mais organismos diferentes são beneficiados por esta associação. Fontes: LEÃO, Z.M.A.N., KIKUCHI, R.K.P. & OLIVEIRA, M.D.M. 2008. Coral bleaching in Bahia reefs and its relation with sea surface temperature anomalies. Biota Neotrop. 8(3):<http://www.biotaneotropica.org.br/v8n3/en/abstract?article+bn00808032008> http://www.icmbio.gov.br/parnaabrolhos/images/stories/downloads/Clovis_2000.pdf http://www.mma.gov.br/estruturas/chm/_arquivos/18_introducaobr.pdf http://impactoambientemarinho.blogspot.com.br/2010/08/branqueamento-de-corais.html http://pescaconsciente.wordpress.com/pesca-com-bomba/ http://www.mma.gov.br/ oceanservice.noaa.gov http://www.australiangeographic.com.au/ http://noticias.terra.com.br/ http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/aquecimento_global_ameaca_recifes_de_corais.html http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2012/03/1056166-mar-fica-acido-em-ritmo-sem-precedente-e-vida-marinha-e-afetada.shtml http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias2/noticia=736025]]>

O perigo oculto em cosméticos faciais

abrasão, corrosão ou descascamento de uma superfície na qual entre em contato. Os esfoliantes faciais são utilizados de forma cosmética para remover as impurezas da superfície da pele. Mas você já se perguntou qual o material utilizado para esse processo? Pois é, acreditem… são micropartículas plásticas e, portanto, não são biodegradáveis. Para explicar melhor sobre o assunto para vocês, resolvi traduzir um artigo publicado originalmente em inglês no site Time.com, escrito por Katy Steinmetz: “States Are Cracking Down on Face Wash”. [caption id="attachment_33287" align="aligncenter" width="920"]Frascos com microbeads ao lado dos produtos que contém as pequenas esferas plásticas.  Foto: 5gyres.com Frascos com microbeads ao lado dos produtos que contém as pequenas esferas plásticas.
Foto: 5gyres.com[/caption]  “Ambientalistas estão alarmando a sociedade com relação aos ‘microbeads’, as minúsculas partículas de plástico utilizadas em produtos de cuidado pessoal e que pesquisadores dizem ser muito pequenas para serem filtradas nos sistemas de tratamento de água, e estão indo parar em oceanos e lagos.Se você já limpou seu rosto com um produto que prometia esfoliar sua zona T, você deve ter aproveitado os efeitos da ultima preocupação entre os ambientalistas: os microbeads.  Microbeads são minúsculas partículas redondas de plastic que são encontradas em produtos de cuidado pessoal feitos por grandes industrias como Johnson & Johnson e Proctor & Gamble. Elas são tão diminutas que cobrem os olhos de Abraham Lincoln em uma moeda de um cent. Mais importante, foi descoberto que elas são pequenas demais para serem filtradas em sistemas de tratamento de agua, então essas minúsculas partículas saem das pias e acabam nos rios e lagos. Apesar de seus efeitos ainda estarem sendo investigados, 5 estados americanos (California, New York, Illinois, Ohio e Minnesota) já estão considerando banir seu uso.  ‘A questão fundamental é: esperaremos até que se prove que este material causa danos ambientais?’ alerta Chelsea Rochman (chelsearochman.com), ecóloga marinha da UCLA especializada em pesquisas com microplástico. De acordo com o conhecimento da indústria, os microbeads se tornaram populares há cerca de uma década, para substituir a pedra pome em processos de esfoliação. Por ser um material relativamente novo, há poucas pesquisas sobre como os microbeads afetam o meio ambiente. Mesmo assim, Rochman afirma que existem muitas evidências dos malefícios que os microbeads podem causar, provenientes de pesquisas sobre outros materiais plásticos. De acordo com a pesquisadora, os pedaços plásticos agem como esponjas nos oceanos e lagos, concentrando toxinas como pesticidas e retardadores de chamas. Centenas de espécies, incluindo peixes e plâncton, ingerem partículas plásticas, o que significa que essas toxinas podem subir de nível na cadeia trófica. Jay Ansell, toxicologista da associação que representa as empresas de produtos de cuidado pessoal, enfatiza que não há provas de que os pedaços plásticos encontrados pelos pesquisadores são provenientes de esfoliantes faciais. Mas essa falta de provas não impediu que muitas industrias representadas pelo conselho de produtos de cuidados pessoais deixassem de usar os microbeads. A Johnson & Johnson, que produz linhas como Clean & Clear e Neutrogena já anunciou que não esta mais utilizando os microbeads em nenhum dos novos produtos e esta reformulando todos os que o contem em sua formula, com planos de banir o uso completamente até 2017. Proctor & Gamble, que fabrica a linha Olay, fez pronunciações publicas similares. Então porque toda a legislação se as empresas não estão voltando atrás? O diretor da organização 5 Gyres (5gyres.org), Stiv Wilson diz que as leis são necessárias para manter pequenas e grandes empresas na linha. ‘É realmente importante que esses projetos se tornem leis, para que as empresas cumpram suas promessas e não voltem atrás em suas decisões’.  Apesar de as industrias ainda nao terem divulgado que material irão utilizar como substituto dos microbeads, existem sugestões de produtos naturais como cascas de nozes e damascos. Um grupo de defesa sob o lema ‘Beat the Micro Bead’ (combata o microbead) está tentando uma reforma similar na europa. Se você esta curioso para saber se um certo cosmético contem microbeads, há uma lista disponível neste link: http://beatthemicrobead.org/en/product-lists. Além dos sabonetes esfoliantes para o rosto, Rochman afirma que os microbeads também são usados em pasta de dentes, produtos de limpeza para vasos sanitários e outros produtos de limpeza.  ‘Esse é um problema facilmente solucionável pois podemos ter os mesmos efeitos com outros materiais’, diz Wilson. Não importa o substituto que será utilizado pelas indústrias, a expectativa é que este seja biodegradável. Artigo original disponível em: http://time.com/74956/states-are-cracking-down-on-face-wash Para saber mais: beatthemicrobead.org chelsearochman.com 5gyres.org Listas dos produtos: beatthemicrobead.org/en/product-lists Por: Renata Porcaro]]>

Zonas mortas dos oceanos.

 Por Renata Porcaro As “Zonas Mortas” dos oceanos são caracterizadas pela baixa concentração de oxigênio, causada geralmente pelo crescimento descontrolado do fitoplâncton* marinho, fenômeno conhecido como floração. O crescimento de microalgas do fitoplâncton é um fenômeno natural, mas é amplificado pelo aumento de nutrientes na água do mar. Esses nutrientes podem ser provenientes de diversas fontes como o esgoto doméstico e os fertilizantes utilizados na agricultura, que chegam aos oceanos através de descarga fluvial. O aumento da concentração de nutrientes na agua do mar estimula o crescimento do fitoplâncton* nas zonas costeiras e, à medida que essas microalgas morrem e afundam, são decompostas por microorganismos que consomem grandes quantidades de oxigênio, deixando o local com quantidades ínfimas desse gás dissolvido na água. Quando o nível de oxigênio cai, os organismos nadam para outras regiões para conseguirem sobreviver. Porém organismos sésseis* e com mobilidade reduzida acabam morrendo, assim como muitos ovos e larvas de peixes e crustáceos e, assim, toda a rede trófica do ambiente é prejudicada.

UntitledFigura 1. Como se formam as zonas mortas do Golfo do México. Adaptado por Renata Porcaro de http://www.ecosphericblog.com/wp-content/uploads/2010/04/deadzone_how.gif
 
Untitled2Figura 2. A zona morta do Golfo do México já tem o tamanho do estado da Nova Jérsei, alimentada pelos nutrients vindos do Rio Mississippi. Fonte: http://www.pbs.org/newshour/rundown/the-gulf-of-mexico-has/ 
  Um dos casos mais conhecidos de formação de zonas mortas é o do Golfo do México (figuras 1 e 2), mas muitas outras áreas pobres em oxigênio em todos os oceanos do mundo vem sendo reportadas e divulgadas (figura 3).
Untitled3Figura 3. Distribuição de zonas mortas e áreas de risco nas áreas costeiras dos oceanos do planeta. Adaptado por Renata Porcaro de: https://nofishleft.files.wordpress.com/2010/11/coastal-dead-zones.jpg
  Durante décadas, a falta de oxigênio sobre a vida marinha vem sendo investigada sem levar em conta os níveis de pH da água. Os dois fatores atuam em conjunto, prejudicando a vida marinha com taxas mais elevadas de mortalidade e um crescimento mais lento, especialmente em organismos com conchas e esqueletos calcários. Muitas zonas mortas são sazonais e reaparecem todos os anos nos meses de verão, com intensidade variando de ano para ano. Porém com o passar do tempo, esses locais podem se tornar inapropriados para espécies animais, impedindo a recuperação de estoques pesqueiros como ocorreu com o bacalhau no Mar Báltico. Mesmo com tamanho reduzido quando comparadas à área total dos oceanos, as zonas mortas representam uma porção significativa das águas oceânicas nas quais habitam espécies de peixes, crustáceos e moluscos de valor comercial. Por conta disso, o fenômeno também prejudica intensamente a pesca comercial e artesanal, acarretando fome e desemprego para famílias que dependem da atividade pesqueira e prejudicando a economia global.   Glossário *fitoplâncton: Microalgas marinhas que vivem na superfície da água, responsáveis pela manutenção dos níveis de oxigênio no planeta Terra. *sésseis: organismos sem possibilidade ou liberdade de locomoção; permanentemente presos a um lugar. Referências http://ciencia.hsw.uol.com.br/zona-morta2.htm http://www.agsolve.com.br/noticias/zonas-mortas-dos-oceanos-crescem-em-ritmo-preocupante http://www.infoescola.com/ecologia/zona-morta-do-golfo-do-mexico/ http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/planeta-urgente/provoca-zonas-mortas-oceanos-281115/ http://revistadasaguas.pgr.mpf.mp.br/edicoes-da-revista/edicao-11/materias/os-oceanos-ja-possuem-150-zonas-mortas http://g1.globo.com/natureza/noticia/2013/06/golfo-do-mexico-pode-ter-area-toxica-do-tamanho-de-sergipe-diz-noaa.html http://www.brasilescola.com/geografia/zona-morta-golfo-mexico.htm]]>

"Ilhas de plástico do Pacífico".

A cada dia que passa o oceano está mais poluído. Existem regiões de acúmulo de plástico que vem preocupando parte da comunidade científica. Estudos estão sendo desenvolvidos na tentativa de conhecer e solicionar este problema. Conheça as Ilhas de Plástico:

Por Renata Porcaro O aumento da população mundial, do desenvolvimento tecnológico e de consumo é inevitável. Todo progresso gera resíduos, isso é fato. O oceano é historicamente utilizado como uma grande lixeira pela humanidade. A mais surpreendente e visível prova disso não está na zona costeira nem nas praias poluídas. Está no meio do oceano Pacífico Norte, entre a Califórnia e o Havaí em uma região chamada de “O grande lixão do Pacífico” ou “A Ilha de Plástico do Pacífico”. Descoberta em 1997 por Charles Moore, esse local acumula grande quantidade de lixo, em um processo que combina a ação antrópica*, e natural. Nós humanos nos encarregamos de produzir cada vez mais resíduos plásticos e destiná-los em locais inapropriados. Parte dos resíduos plásticos afunda, mas toneladas de lixo são acumuladas no centro daquele oceano, caracterizada pelo giro circular no sentido horário (figura 1) e pela convergência de quatro correntes oceânicas: Corrente do Pacífico Norte ao norte, Corrente da Califórnia a leste, Corrente Equatorial Norte ao sul, e Corrente Kuroshio a oeste. Existem pelo menos quatro outras zonas de deposição de lixo localizadas no Pacífico Sul, Atlântico Norte, Atlântico Sul e Oceano Índico (figura 1), com processos de acúmulo de lixo similares aos encontrados no Pacífico Norte. Como o lixo acumulado nessas áreas é composto predominantemente por material plástico, as áreas ocupadas não podem ser mensuradas com exatidão através de imagens de satélite devido à sua transparência. figura 1
Figura 1. Existem vórtices oceânicos com acúmulo de lixo em vários lugares dos oceanos, porém nenhum tem a concentração de plástico encontrada no “Grande Lixão do Pacífico”. Fonte: 5gyres.org.
Poucos objetos encontrados podem ser identificados, pois a maioria foi quebrada em vários fragmentos devido à ação da luz solar. Esse processo de quebra é contínuo e mantem o plástico no oceano sob a forma de micropartículas de polímeros plásticos. Partículas de diferentes tamanhos são ingeridas pela fauna marinha, disseminando e potencializando a contaminação por pesticidas e dioxinas presentes no plástico através de toda cadeia alimentar. Este processo é conhecido como biomagnificação, no qual a concentração do poluente aumenta conforme o nível trófico ocupado. Portanto, os mais afetados pelos contaminantes são os animais maiores, que ocupam o topo da cadeia alimentar. Além da contaminação química, diversos organismos ficam com o estômago cheio de plástico, o que pode levar à morte por inanição. Em um atol utilizado por albatrozes para nidificação*, localizado no meio do Oceano Pacífico e com o continente mais próximo a cerca de 3000 km de distância, o fotógrafo americano Chris Jordan retratou no projeto MIDWAY o sofrimento desses animais e registrou a situação de seus estômagos cheios de plástico (figura 2). Vale a pena assistir ao clipe do projeto (disponível no site www.midwayfilm.com) para refletir um pouco sobre nossos hábitos de consumo. figura 2
Figura 2. Albatroz morto por ingestão de plástico no atol de Midway. Foto: Chris Jordan
As áreas de acúmulo de lixo, por serem formadas em regiões do oceano pobres em nutrientes, estão funcionando como um substrato artificial e concentrando vida marinha, alterando as características naturais do ambiente. Em um estudo desenvolvido por pesquisadores do “Scripps Institution of Oceanography” através do projeto SEAPLEX (Scripps Environmental Accumulation of Plastic Expedition), foi observado um aumento na densidade de ovos dos insetos da espécie Halobates sericeus, que vivem na superfície da água e estão aproveitando a parte flutuante do lixo para desovar. Os ovos antes eram depositados em restritas superfícies de fragmentos vegetais flutuantes. O mesmo comportamento foi observado em outra espécie do gênero Halobates por pesquisadores Brasileiros no Atlântico Sul. Pesquisadores de todo mundo investigam o real impacto desses fenômenos de acúmulo de lixo. Há também um projeto colaborativo chamado “The 5 Gyres Project” (5gyres.org), da Fundação Algalita de Pesquisa marinha, que conta com a participação de navegadores do mundo todo para relatos e informações sobre o lixo encontrado nos oceanos. Apesar do esforço da comunidade científica em desvendar os mistérios e buscar soluções para esse problema, o consumo, a produção de objetos plásticos e seus descartes inapropriados continuam crescendo desenfreadamente. Devemos lembrar de que, em se tratando do planeta, os termos “jogar fora” ou “jogar no lixo” simplesmente não existem! Os materiais inúteis, o lixo e o descarte, estão sendo depositados no mesmo solo em que plantamos nossos vegetais e no mesmo oceano do qual retiramos os peixes dos quais nos alimentamos. Mas cada um pode fazer a sua parte, repensando seus hábitos e moderando seu consumo, e desta forma, contribuir como mais uma gota para ajudar o oceano nessa batalha contra as Ilhas de Plástico. Agradecimento: Arnaldo Sousa pela revisão e sugestões. * Glossário Antrópico: resulta da atuação humana Nidificação: Construção de ninhos]]>

Um pouco sobre Baleias e Golfinhos – parte II

Recordando:– Odontocetos tem dentes (odonto), possuem crânio assimétrico e apenas um orifício respiratório no topo da cabeça e, com exceção do cachalote, a maioria é menor que as baleias. Vocalizam para comunicar-se com outros indivíduos da mesma espécie e utilizam ultra-sons para localização de outros animais.Exemplos: Golfinhos, Cachalote, Orca e Narval.– Misticetos não tem dentes e são caracterizadas pela presença de aparatos alimentares diferenciados chamados barbatanas, estruturas córneas enraizadas na maxila em forma triangular, com parte externa macia e a parte interna em forma de franja, que servem para filtrar o alimento da água. O crânio desses animais é simétrico e seu orifício respiratório é bipartido. Exemplos: baleia-de-Bryde, baleia-jubarte e baleia-cinza. O fato dos cetáceos terem maturidade reprodutiva tardia, gestação longa e apenas um filhote por gestação contribui para sua situação delicada quando o assunto é conservação. Porém capturas em redes de pesca, colisões com embarcações e degradações ambientais causadas por poluentes como óleos, metais pesados e pesticidas contribuem diretamente para o declínio populacional das espécies de cetáceos.  Muitos cetáceos são capturados acidentalmente em redes de pesca chamadas “redes de deriva” (ou redes de emalhe e até redes de espera), não destinadas a sua captura, e acabam morrendo afogados, visto que estes animais tem respiração pulmonar. Isso acontece também com outros animais como focas, tartarugas e até mesmo aves marinhas. Muitas das adaptações fisiológicas (orifício no topo da cabeça) e comportamentais (alternância dos indivíduos do grupo no momento da respiração) dos cetáceos asseguram justamente a subida do animal à atmosfera para respirar. É comum, por exemplo, cetáceos ajudarem um companheiro ferido ou doente a se manter na superfície da água.

Figura 1

Figura 1. Rede de deriva, arte de pesca passiva que retém o pescado nas malhas da rede, é responsável por captura incidental de cetáceos. Fonte: http://www.angra.rj.gov.br/ Além das redes de deriva existem também as “redes fantasmas”, que são artefatos perdidos ou abandonados pelos pescadores que ficam no oceano matando diversos animais, muitas vezes por longos anos por se tratar de redes de nylon ou linhas de pesca. Figura 2 Figura 2. Golfinho morto em rede fantasma. Foto: © Andrea Marshall. Fonte: marinemegafauna.org A captura acidental de cetáceos é um problema global, porém informações sobre as consequências deste problema são escassas. Infelizmente, esses animais não são capturados apenas por acidente. A caça às baleias tem registros arqueológicos do ano 3.000 a.C. A empreitada comercial começou no século 17 e se intensificou no século 19, com o aumento das tecnologias de navegação. Começou a entrar em declínio no século 20, mas persistiu até a extinção de algumas espécies. A proibição da Comissão Baleeira Internacional sobre a caça comercial de baleias passou a valer em 1986. Países como Noruega e Islândia continuam a caçar, desrespeitando a proibição, enquanto o Japão explora a brecha que permite quotas para fins de pesquisa científica. No Brasil, temos o caso da caça às Baleias-franca, que ocorria em todo o litoral de Santa Catarina. Esta espécie era uma presa fácil por ser dócil e ter hábitos costeiros. Nos anos 1960 havia muitas instalações chamadas armações baleeiras, onde eram fabricados produtos da caça como o óleo, obtido através do derretimento da gordura e utilizado na iluminação, lubrificação e construção de casas. Hoje em dia, após as armações baleeiras terem falido e a baleia-franca ter sido quase extinta, o litoral de SC é mundialmente famoso pelo turismo de observação de baleias.
Dica: A temporada reprodutiva das baleias francas no Brasil é de julho a novembro, mas o melhor período para observação na principal área de concentração, a Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, é entre a segunda quinzena de agosto e primeira quinzena de outubro, quando um maior número de baleias francas costuma estar na região, permanecendo por vários dias nas enseadas.Para saber mais sobre a espécie e sobre o turismo de observação, acesse: http://www.baleiafranca.org.br/
Figura 3Figura 3. Turismo de observação de baleias-franca em Santa Catarina. Fonte: http://escribadoitapocu.blogspot.com.br/ A realidade atual é bem diferente na região norte do país, onde, apesar das proibições, a captura desses animais persiste para comercialização de seus olhos e genitais, que são vendidos como amuletos para atrair dinheiro e mulheres. Em 2007 foram divulgadas imagens de aproximadamente 80 golfinhos mortos em uma embarcação no litoral norte do Estado do Amapá, que teve repercussão e causou reação dos ambientalistas e de grande parte da população. Os golfinhos da Amazônia (boto-cor-de-rosa – Inia geoffrensis) também sofrem com a captura e estão sendo usados como isca para a pesca da piracatinga (Calophysus macropterus). A pesca intencional de cetáceos é uma realidade atual e suas finalidades variam do consumo e utilização da carne como isca à venda dos animais para parques temáticos. Esta ultima movimenta uma indústria de bilhões de dólares em todo o mundo. Alguns golfinhos capturados vivem décadas presos e por vezes isolados em um aquário, sendo recompensados com alimento quando realizam saltos ou outros truques para o público apreciar, enquanto na natureza esses animais constroem complexas redes sociais. Seus instintos são reprimidos e eles são obrigados a interagir com humanos, além de terem sua capacidade de natação e captura de alimentos anuladas. Para saber mais sobre esse assunto, recomendo os documentários “The cove” e “Black Fish”. O primeiro, dirigido por Louie Psihoyos e vencedor do oscar na categoria de melhor documentário do ano de 2010, aborda o massacre de golfinhos na cidade japonesa de Taiji. Já “Black Fish”, de Gabriela Cowperthwaite, fala sobre a captura e a vida da orca Tilikum e nas consequências de manter animais grandes e inteligentes como as orcas em cativeiro. Acredito que a ótica desses documentários irá mudar sua opinião se você sonha em nadar ou tirar uma foto com um golfinho e acredita que parques como o SeaWorld são bacanas. Figura 4Figura 4. Cena do filme The Cove, que investiga a caça indiscriminada aos golfinhos. Fonte: thecovemovie.com   Figura 5 Figura 5. Cena do filme Black Fish. Fonte: blackfishmovie.com Outra atividade que pode afetar esses animais é a prospecção sísmica marinha.  O método sísmico consiste na geração de energia por liberação de ar comprimido à alta pressão na água, que gera ondas acústicas que se propagam até atingir o solo marinho, onde parte da energia é absorvida pelas camadas rochosas subjacentes, parte é refratada e outra é refletida. A energia refletida é captada por hidrofones que convertem as ondas sísmicas em sinais elétricos que são transmitidos para um sistema de registro e processamento instalado no navio.  A interpretação desses dados permite analisar a estrutura do subsolo em profundidade e pesquisar estruturas geológicas que podem formar reservatórios de petróleo, sem a necessidade e os custos de uma escavação ou perfuração. A sísmica e o crescente trânsito de navios contribuem para a intensificação da poluição sonora nos oceanos. Os cetáceos, que utilizam o som nos processos de intercomunicação e para a localização e posicionamento de suas presas, sofrem impactos diretos provocados por essas atividades. Já foram observadas alterações comportamentais de curto prazo como mudanças na frequência de vocalização, abandono momentâneo da área impactada, além de mortalidades originadas por lesões no sistema auditivo. Porém esses efeitos ainda não foram amplamente estudados devido ao alto custo da realização de cruzeiros ou sobrevoos para estudos científicos.  Desde 1999, dados sobre avistagem de mamíferos marinhos vem sendo coletados por observadores de bordo durante atividades sísmicas na costa brasileira. Este procedimento é uma das medidas mitigadoras adotadas para minimizar os possíveis impactos que a atividade exerça sobre as espécies marinhas. Será que essas medidas são mesmo eficientes? Quantas e quais medidas serão necessárias para mitigar todos os males que causamos a esses organismos? Deixe sua opinião ou sugestão nos comentários ou escreva para mim: renata.porcaro@gmail.com.   Figura 6 Figura 6. Aquisição de dados sísmicos marinhos.Fonte: anp.gov.br/meio/guias/sismica/infotec.pdf   Por: Renata Porcaro   Referências Documentos: Mamíferos marinhos, a atividade de prospecção sísmica e o uso do sistema de monitoramento de mamíferos marinhos – SIMMAM. Mariana de Karam e Brito. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/>. Acesso em 24/03/2014 Impactos da Sísmica em Baleias Jubarte. Marcia Engel, Cristiane de Albuquerque Martins, Luiza Pacheco de Godoy, Marcos Rossi-Santos, Maria Emília Morete, Silvio de Souza Jr. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/meio/guias/sismica/biblio/InstitutoBaleiaJubarte.PDF>. Acesso em 20/03/2014 A Pesca Incidental de Golfinhos. Edson Barbieri. Disponível em <ftp://ftp.sp.gov.br/ftppesca/GolfinhosPescaIncidental2013.pdf>. Acesso em 26/03/2014 Sites: http://www.anp.gov.br/meio/guias/sismica/infotec.pdf http://animalplanet.discoverybrasil.uol.com.br/de-onde-vem-os-golfinhos-de-parques-marinhos/ http://www1.folha.uol.com.br/fsp/turismo/fx3009201007.htm http://www.fundacaogrupoboticario.org.br/pt/Noticias/Pages/Golfinhos-sao-usados-como-isca-para-pesca-na-Amazonia.aspx http://escribadoitapocu.blogspot.com.br/]]>

Um pouco sobre Baleias e Golfinhos – Parte I

Detalhe da barbatana de um misticeto. Fonte: oocities.org Detalhe da barbatana de um misticeto.
Fonte: oocities.org[/caption] Quase todas as espécies migram para aguas frias e polares, que concentram grande quantidade de alimento, durante o verão e parte do outono, e no inverno reproduzem-se em águas tropicais. Há 13 espécies conhecidas neste grupo, dividas em 4 famílias: 1. Família Balaneidae (Baleias-Francas): primeiras caçadas pelo homem por ter hábito costeiro e grande quantidade de gordura. [caption id="attachment_31959" align="aligncenter" width="571"]Baleia-franca (Eubalaena sp.).  Foto: Leo Francini Baleia-franca (Eubalaena sp.).
Foto: Leo Francini[/caption] [caption id="attachment_31960" align="aligncenter" width="571"]Baleia-franca (Eubalaena sp.).  Foto: Leo Francini Baleia-franca (Eubalaena sp.).
Foto: Leo Francini[/caption] [caption id="attachment_31961" align="aligncenter" width="571"]Baleia-franca (Eubalaena sp.) Fonte: saudeanimal.com.br. Baleia-franca (Eubalaena sp.)
Fonte: saudeanimal.com.br.[/caption] 2. Família Balaenopteridae  (Baleia-jubarte, Baleia-de-bryde, Baleia-azul): possuem uma série de pregas ventrais na região da garganta, as quais se expandem para permitir que grandes quantidades de alimento sejam ingeridas. [caption id="attachment_31936" align="aligncenter" width="571"]Baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae). Fonte: infoescola.com. Baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae).
Fonte: infoescola.com.[/caption] [caption id="attachment_31937" align="aligncenter" width="571"]Baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae).  Foto: Leo Francini.  Baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae).
Foto: Leo Francini.[/caption] [caption id="attachment_31938" align="aligncenter" width="570"]Baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae). Foto: Pedro Madruga Baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae).
Foto: Pedro Madruga[/caption] [caption id="attachment_31939" align="aligncenter" width="571"]Baleia-azul (Balaenoptera musculus). Fonte: saudeanimal.com.br. Baleia-azul (Balaenoptera musculus).
Fonte: saudeanimal.com.br.[/caption] [caption id="attachment_31940" align="aligncenter" width="571"]Baleia-de-Bryde (Balaenoptera brydei).  Foto: Leo Francini Baleia-de-Bryde (Balaenoptera brydei).
Foto: Leo Francini[/caption] 3. Família Eschrichtidae  (baleias-cinzentas): habitam apenas o Hemisfério Norte. Atualmente existem apenas no Oceano Pacífico, pois a população do Atlântico foi extinta pela caça, ainda no século XVIII. [caption id="attachment_31941" align="aligncenter" width="571"]Baleia-cinzenta (Eschrichtius robustus). Fonte: saudeanimal.com.br. Baleia-cinzenta (Eschrichtius robustus).
Fonte: saudeanimal.com.br.[/caption] 4. Família Neobalaenidae (apenas baleia-franca-pigméia): habita mares temperados do Hemisfério Sul. São raras e também os menores misticetos do mundo, medindo no máximo 6 metros de comprimento. [caption id="attachment_31942" align="aligncenter" width="571"]Baleia-franca-pigméia (Caperea marginata). Fonte: saudeanimal.com.br. Baleia-franca-pigméia (Caperea marginata).
Fonte: saudeanimal.com.br.[/caption] – Odontocetos: capturam alimentos com os dentes, como golfinhos de água doce e salgada, orca e cachalote. São animais de pequeno ou médio porte, com exceção da cachalote que pode medir 18m e pesar mais de 60 toneladas. São mais de oitenta espécies subdivididas em seis grupos diferentes: 1. Família Delphinidae (golfinhos e orcas): encontrados em todos os oceanos do planeta e, em alguns casos, em grandes desembocaduras de rios. [caption id="attachment_31943" align="aligncenter" width="571"]Golfinho-comum ou golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus).  Foto: Leo Francini. Golfinho-comum ou golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus).
Foto: Leo Francini.[/caption] [caption id="attachment_31944" align="aligncenter" width="571"]Golfinho-comum ou golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus).  Foto: Leo Francini.  Golfinho-comum ou golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus).
Foto: Leo Francini.[/caption] [caption id="attachment_31945" align="aligncenter" width="571"]Orca (Orcinus orca). Fonte: Wikipedia Orca (Orcinus orca).
Fonte: Wikipedia[/caption] [caption id="attachment_31946" align="aligncenter" width="571"]Orca (Orcinus orca). Fonte: saudeanimal.com.br. Orca (Orcinus orca).
Fonte: saudeanimal.com.br.[/caption] [caption id="attachment_31947" align="aligncenter" width="571"]Golfinho-de-dentres-incompletos (Steno bredanensis). Fonte: saudeanimal.com.br. Golfinho-de-dentres-incompletos (Steno bredanensis).
Fonte: saudeanimal.com.br.[/caption] 2. Família Monodontidae (narvais e belugas): vivem apenas em regiões polares. O narval tem apenas um enorme dente de marfim, com 2,5 metros de comprimento, que se projeta para fora da boca e se localiza na parte frontal da cabeça. Atinge 6 metros de comprimento e pesa cerca de 2 toneladas, e é caçado por conta do marfim de suas presas. [caption id="attachment_31948" align="aligncenter" width="571"]Narval (Monodon monoceros). Fonte: saudeanimal.com.br. Narval (Monodon monoceros).
Fonte: saudeanimal.com.br.[/caption] [caption id="attachment_31949" align="aligncenter" width="570"]Narval (Monodon monoceros). Fonte: oversodoinverso.com.be Narval (Monodon monoceros).
Fonte: oversodoinverso.com.be[/caption] [caption id="attachment_31950" align="aligncenter" width="571"]Beluga (Delphinapterus leucas) Fonte: saudeanimal.com.br. Beluga (Delphinapterus leucas)
Fonte: saudeanimal.com.br.[/caption] 3. Família Phocoenidae: pequenos cetáceos semelhantes aos golfinhos, mas não têm bico. A principal característica desses animais é a forma dos dentes, que são arredondados e achatados nas extremidades, distintos dos dentes cônicos dos golfinhos. Mais comuns no Hemisfério Norte, as vaquitas são pequenos golfinhos que vivem no norte do Golfo da Califórnia e são os cetáceos mais ameaçados do mundo.

Golfinho-de-óculos (Phocoena dioptrica) Fonte: Wikipedia
Golfinho-de-óculos (Phocoena dioptrica) Fonte: Wikipedia
[caption id="attachment_31952" align="aligncenter" width="571"]Boto-do-índico (Neophocaena phocaenoides) Fonte: Wikipedia Boto-do-índico (Neophocaena phocaenoides)
Fonte: Wikipedia[/caption] 4. Família Physeteridae (Cachalotes): animais de hábitos oceânicos, que realizam mergulhos profundos em busca de suas presas. [caption id="attachment_31953" align="aligncenter" width="571"]Cachalote (Physeter macrocephalus) Fonte: saudeanimal.com.br. Cachalote (Physeter macrocephalus)
Fonte: saudeanimal.com.br.[/caption] [caption id="attachment_31954" align="aligncenter" width="571"]Cachalote (Physeter macrocephalus) Foto: Pedro Madruga  Cachalote (Physeter macrocephalus)
Foto: Pedro Madruga[/caption] [caption id="attachment_31955" align="aligncenter" width="571"]Cachalote (Physeter macrocephalus) Foto: Pedro Madruga  Cachalote (Physeter macrocephalus)
Foto: Pedro Madruga[/caption] 5. Superfamília Platanistoidea (botos de água doce): 5 espécies, a maioria de água doce, que vivem em rios da Ásia e da América do Sul. Estão entre os cetáceos mais ameaçados do planeta. Um platanistídeo famoso e conhecido na nossa cultura é o boto-cor-de-rosa da Amazônia. [caption id="attachment_31956" align="aligncenter" width="571"]Boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) Fonte: globoamazonia.com Boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis)
Fonte: globoamazonia.com[/caption] 6. Família Ziphiidae (baleias-bicudas): animais raros de águas profundas. Com dimensões apreciáveis (4 a 12 m para a baleia-bicuda-de-baird, 1 a 10 toneladas), podem também ser chamadas de baleias-bicudas, zífios, baleias-nariz-de-garrafa e baleias-de-bico, por possuírem um focinho pronunciado. [caption id="attachment_31957" align="aligncenter" width="571"]Balea-de-bico-baird (Berardius bairdii). Fonte: saudeanimal.com.br. Balea-de-bico-baird (Berardius bairdii).
Fonte: saudeanimal.com.br.[/caption] O crescimento populacional de baleias é utilizado por pesquisadores como indicador da saúde do ambiente marinho. Na maioria das espécies, o filhote permanece com a mãe cerca de dois anos. No caso das orcas, os filhotes ficam junto de suas mães durante toda a vida. Como as fêmeas geram um filhote por gestação e demoram entre dois e seis anos para ter outro, as populações desses animais não crescem lentamente e, por isso, são vulneráveis a impactos ambientais. Os cetáceos, em geral, são animais de topo de cadeia e, portanto, não possuem muitos predadores naturais. O maior predador destes animais somos nós, humanos. E somos diretamente responsáveis pela extinção de algumas das espécies desse grupo. No próximo artigo irei abordar os impactos que nós, humanos, e todo nosso progresso, causa sobre esses organismos. Existem problemas além da caça/pesca que afetam esses animais. Não percam!
Duvidas ou sugestões, escrevam para: renata.porcaro@gmail.com
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Sobre praias arenosas:

Por Renata Porcaro O estado de São Paulo apresenta uma enorme variedade de beach breaks. Tem onda para todos os níveis e gostos. Você sabe identificar e diferenciar as praias? Confira abaixo detalhes sobre cada tipo de praia. A praia, por definição geológica, é um ambiente sedimentar costeiro de composição variada, formada mais comumente por areia, e condicionado pela interação dos sistemas de ondas incidentes sobre a costa (King, 1959). Por se tratar de um ambiente de transição, é difícil determinar onde começa e onde termina um ambiente praial. A região costeira abriga inúmeras interações biológicas, químicas, físicas, geológicas e meteorológicas, por isso é um ambiente tão complexo e constantemente objeto de estudo de oceanógrafos e geólogos. Por convenção, o limite externo de uma praia, ou seja, aquele em direção ao mar, é a profundidade a partir da qual as ondas passam a provocar movimento efetivo de sedimento sobre o fundo do mar. O limite interno é definido como o local na parte mais superior da ação de ondas de tempestade sobre a costa. A praia, independente de sua classificação, é dividida de acordo com o esquema abaixo: [caption id="attachment_31568" align="aligncenter" width="495"]Esquema de divisões de uma praia arenosa. Adaptado de MUEHE, 1994*1. Esquema de divisões de uma praia arenosa. Adaptado de MUEHE, 1994*1.[/caption] A praia é dividida em três zonas: – zona de arrebentação: caracterizada pela ocorrência do processo de arrebentação. O processo de quebra de ondas representa o modo de dissipação da energia da onda sobre a praia e acontece quando as ondas incidentes se aproximam de águas mais rasas, diminuem a velocidade e ganham altura, até que a velocidade da onda exceda a velocidade do grupo de ondas e a onda quebre. – zona de surfe:  local onde a energia da onda é transferida para a geração de correntes longitudinais e transversais a praia. Praias de alta energia têm, portanto, correntes laterais e correntes de retorno mais intensas. – zona de espraiamento:  região na qual as ondas da zona de arrebentação dissipam sua energia sobre a face praial. O processo de espraiamento é bastante estudado, pois determina os níveis máximos de atuação dos agentes hidrodinâmicos e, portanto, os limites para construção civil. A classificação de praias baseia-se em dois extremos, chamados de praias refletivas e praias dissipativas, porém cada praia tem características próprias. – PRAIAS REFLETIVAS: grande declividade, tamanho dos grãos do sedimento maior, incidência de ondas sobre a face da praia. São ambientes mais sensíveis à poluição por conta da baixa capacidade de dispersão de contaminantes. Geralmente tem menor diversidade biológica. [caption id="attachment_31569" align="aligncenter" width="495"]Boiçucanga (São Sebastião): refletiva de alta energia, sem zona de surfe.  Foto: http://www.pousadaazuldomar.net. Boiçucanga (São Sebastião): refletiva de alta energia, sem zona de surfe.
Foto: http://www.pousadaazuldomar.net.[/caption] – PRAIAS DISSIPATIVAS: mais expostas, zona de surfe larga, com isso na face da praia a energia de ondas é baixa com menor tamanho de grãos do sedimento (areia mais fina) e pouca declividade. [caption id="attachment_31570" align="aligncenter" width="495"]Santos, Canal 1: praia dissipativa de baixa energia. Foto: http://claudio.fernando.zip.net. Santos, Canal 1: praia dissipativa de baixa energia.
Foto: http://claudio.fernando.zip.net.[/caption] As praias intermediárias são as outras praias que ficam entre os extremos dissipativo e refletivo. Estas tem características mistas e podem ser identificadas pela presença de correntes de retorno. [caption id="attachment_31571" align="aligncenter" width="495"]Praia de Maresias (São Sebastião): praia intermediária com correntes de retorno. Foto: http://www.inparadise.com.br Praia de Maresias (São Sebastião): praia intermediária com correntes de retorno.
Foto: http://www.inparadise.com.br[/caption] [caption id="attachment_31567" align="aligncenter" width="495"]Enseada no Guarujá: praia intermediária com correntes de retorno.  Foto: http://www.guaruja.sp.gov.br Enseada no Guarujá: praia intermediária com correntes de retorno.
Foto: http://www.guaruja.sp.gov.br[/caption] É importante lembrar que praias são ambientes muito dinâmicos e fatores como tempestade, mudança no padrão de ondas, elevação do nível do mar e deriva de sedimentos podem atuar e influenciar nas características do ambiente, mudando assim sua classificação.  A classificação de uma praia é dada pelas condições mais frequentes, em resposta ao tipo de arrebentação e ao tipo de sedimento predominantes. Com relação à ecologia, os organismos de praias arenosas são predominantemente da infauna*2, geralmente de tamanho menor e não apresenta coloridos exuberantes. Esses animais somente se desenterram para se alimentar e reproduzir, portanto sua visualização é mais rara. A fauna de cada praia varia com devido ao tamanho e espaçamento dos grãos do sedimento que a forma, assim, animais diferentes conseguem habitar praias de areia mais fina ou mais grossa. As ondas atuam como fonte de stress e fator de controle na distribuição de organismos da macrofauna bentônica*3 nas praias arenosas. Quer saber mais? Entre em contato: renata.porcaro@gmail.com

*¹ Imagem retirada de: zonacosteira.bio.ufba.br/praia.html > acesso em 20/09/13 *2 Organismos com tamanhos igual ou superior a 5 mm que vivem enterrados no sedimento *3 conjunto de espécies que vivem no enterradas no sedimento Fontes:
http://www.zonacosteira.bio.ufba.br/praia.html http://www.cem.ufpr.br/praia/pagina/pagina.php?menu=praias Morfodinâmica praial: uma breve revisão (disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bjoce/v51nunico/07.pdf) Praias arenosas oceânicas do estado de São Paulo (Brasil): síntese dos conhecimentos sobre morfodinâmica, sedimentologia, transporte costeiro e erosão costeira, Celia Regina de Gouveia Souza.]]>

Os perigos de Recife

Porto de Suape. Foto: angularaerofoto.com.br Porto de Suape. Foto: angularaerofoto.com.br[/caption] A maioria dos ataques ocorre quando o vento sopra forte de sul e sudeste. Nessas condições, as correntes do sul para o norte tomam força e influenciam na natação dos tubarões, que se aproximam das praias de Recife atraídos também pelos restos de alimentos e dejetos jogados no mar pelas embarcações no porto de Suape. As praias recifenses também possuem uma característica geográfica que influencia na quantidade de tubarões presentes. Um banco de areia de profundidade entre 1 e 3 metros está presente ao longo da costa, a uma distância de aproximadamente mil metros da praia. Entre o banco de areia e a praia, há um canal mais profundo de fundo arenoso, local ideal para raias, que são presas naturais dos tubarões. [caption id="attachment_28625" align="aligncenter" width="458"]Em 2012, 12 pessoas foram mortas por tubarões. No mesmo ano, humanos mataram 100 milhões de tubarões. 11417 tubarões por hora. Foto: PETA. Em 2012, 12 pessoas foram mortas por tubarões. No mesmo ano, humanos mataram 100 milhões de tubarões. 11417 tubarões por hora. Foto: PETA.[/caption] O aumento do número de banhistas e surfistas é outro fator que aumentou a taxa de acidentes. Os surfistas, por permanecerem mais tempo dentro da água, sempre foram as vítimas mais constantes. Hoje o surf é proibido na praia de Boa Viagem. Em praias como a de Boa Viagem, mais famosa da cidade, turistas são alertados por cartazes que desaconselham a entrada na água para evitar encontros com os animais, porém nem sempre as orientações são seguidas pelos turistas. Outras considerações sobre a área incluem a pesca de arrasto de camarão, a mais danosa ao meio marinho, que para cada quilo de camarão capturado, descarta 9 quilos de outros animais mortos nas águas de Boa Viagem. O histórico de acidentes com tubarões são, na maior parte com duas espécies: o cabeça-chata e o tubarão-tigre: O cabeça-chata (Carcharhinus leucas) tem como características principais o nariz largo e achatado, olhos pequenos, barriga branca e corpo acinzentado. Pode atingir 3,5m de comprimento total e as fêmeas costumam ser maiores que os machos. É uma espécie adaptada à agua doce e já foi encontrado no rio Amazonas a 4km da costa. A destruição de mangues para a construção do porto fez com que as fêmeas que usavam o local em parte do ciclo reprodutivo migrassem para o estuário do rio Jaboatão, ao norte, o qual desemboca exatamente nas praias de Recife. [caption id="attachment_28633" align="aligncenter" width="458"]Tubarão cabeça-chata (Carcharhinus leucas). Foto: Andy Murch/Elasmodiver.com Tubarão cabeça-chata (Carcharhinus leucas). Foto: Andy Murch/Elasmodiver.com[/caption] O tubarão-tigre (Galeocerdo cuvier) é uma das espécies mais temidas em função da violência de seu ataque. Ele come uma grande variedade de animais (tartarugas, raias, moluscos), inclusive membros da mesma espécie. Tem esse nome em função das manchas pretas no corpo e pode alcançar até 6 metros de comprimento. [caption id="attachment_28627" align="aligncenter" width="458"]Tubarão-tigre  (Galeocerdo cuvier). Foto: tubaroes.com.sapo.pt Tubarão-tigre (Galeocerdo cuvier). Foto: tubaroes.com.sapo.pt[/caption] Os mais variados objetos já foram encontrados no estômago de indivíduos destas espécies, mas a parcela de culpa dos humanos é muito maior que o apetite do animal, afinal, utilizamos há séculos os oceanos como uma grande lata de lixo. Agora, pasmem! No ano de 2000, de acordo com o Plano de Monitoramento Ambiental de Recursos Hídricos, o MATADOURO de Jaboatão descartou seus efluentes não tratados no rio, a um volume de 345 m³/dia, incluindo sangue, vísceras e água. Não consigo imaginar nada que atraia mais tubarões do que sangue! E aí, a culpa é de quem? FONTES: ondaazul.com.br mundoestranho.abril.com.br vidaeestilo.terra.com.br Por: Renata Porcaro]]>

Ibrasurf entrevista a oceanógrafa Renata Porcaro

Renata Porcaro, longboarder e oceanógrafa, agora é nossa colaboradora no site do Ibrasurf. Com matérias exclusivas sobre meio ambiente, Renata pretende despertar a conscientização ambiental além de trazer temas atuais importantes e interessantes para o público em geral. Acompanhe a entrevista: IBRASURF: De onde veio a paixão pelo mar?? Foi o surf que te levou para a oceanografia ou vice versa?  RÊ PORCARO: Surfar é uma das coisas que mais amo nessa vida. Essa paixão pelo surf me move e direciona minha vida sempre para o oceano, definindo os destinos de viagens, a programação do final de semana e até mesmo minha carreira profissional. A escolha do curso de oceanografia veio, sem dúvida, da paixão pelo mar. Não posso dizer que seja uma área fácil com relação ao mercado de trabalho, pois as oportunidades são escassas e abertas apenas aos que são muito bem qualificados, mas acredito que muitas outras carreiras (senão a maioria) também são assim. Porém não me arrependo da minha escolha. 6 IBRASURF: Como oceanógrafa e amante da natureza (como todo surfista), o que em sua opinião falta para as pessoas em termos de conscientização ambiental? RÊ PORCARO: Minha percepção da natureza mudou muito após a graduação. Tudo na natureza é fascinante, desde a perfeição de uma concha de molusco até a grandiosidade dos movimentos de maré e correntes oceânicas. E a maioria dos processos são muito complexos, porém, é possível transmitir o conhecimento. Acredito que quanto maior o conhecimento, maior o fascínio. Portanto é preciso criar o mínimo de paixão e admiração no grande público para haver uma motivação para preservar a natureza. IBRASURF: Conte-nos um pouco da sua rotina. Como é dividido o seu tempo para surfar, estudar (se manter atualizada), trabalhar e manter seu site? RÊ PORCARO: Minha rotina, desde criança, sempre foi em São Paulo durante a semana e aos finais de semana, feriados, férias e qualquer tempo livre, desço a serra para surfar. Atualmente trabalho em uma Fundação de pesquisas aquáticas ligada à USP, sediada em São Paulo. Meu trabalho é basicamente ligado às coletas de campo, ou seja, vamos aos locais pré determinados para monitorar a qualidade da água, sedimentos e biota. Portanto, viajo bastante para realizar as coletas, porém todo trabalho de planejamento e logística é feito em São Paulo. Costumo trabalhar no meu site (www.renataporcaro.com.br) quando volto pra casa do trabalho, antes do treino. A proposta do site é unir surf à oceanografia. Ainda pretendo fazer isso mais profundamente, em matérias nas quais quero explicar processos que ocorrem nas praias, dicas para evitar acidentes com animais marinhos e outros tópicos ligados à realidade do surfista. Como o site ainda é recente, sempre atualizo com notícias ligadas à área ambiental marinha, e divulgo minhas imagens surfando, pois acho o surf feminino de longboard muito bonito de ver. 9 IBRASURF: Qual o significado do Oceano pra você? RÊ PORCARO: É o que guia minha vida…mas por incrível que pareça, temos uma relação de amor e ódio! Quando eu não consigo surfar direito, saio do mar arrasada, muito frustrada mesmo. Ao mesmo tempo, isso não me impede de tentar de novo. E quando eu fico satisfeita com meu desempenho dentro da água, saio em êxtase total! No trabalho, ocorre a mesma disparidade. Adoro trabalhar embarcada, porém quando o mar está ruim, mexido, e temos que terminar o trabalho, é quando desejo nunca mais pisar em um barco. Porém, no dia seguinte já quero embarcar de novo! IBRASURF: Qual o teu objetivo em “dividir” suas matérias com o público do nosso site? O que esperar dessa parceria? RÊ PORCARO: Aumentando o conhecimento acerca da natureza, o homem consegue entender que ele também faz parte do “meio ambiente”, assim como qualquer outro ser e que não está no comando do que acontece no planeta. Ao compartilhar e trocar conhecimentos com o público pretendo aprofundar a relação do surfista, ou banhista, com o ambiente no qual estamos inseridos. Gostaria muito de receber sugestões de temas dos internautas. É um incentivo extra para uma boa matéria. Quem quiser contribuir com uma duvida ou sugestão, por favor escreva para renata.porcaro@gmail.com Pra quem quiser acompanhar pelo facebook: https://www.facebook.com/RenataPorcaroLongboarder ou pelo Instagram: @renataporcaro. Até a próxima!]]>