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Recifes de coral (parte 1)

Por Renata Porcaro  Sempre que nós, surfistas, pensamos em um recife de coral, imediatamente associamos com ondas perfeitas. Conheça um pouco mais sobre esse ambiente tão rico e diverso. Os recifes são ecossistemas marinhos ricos, complexos e altamente produtivos. Mesmo ocupando pequena porção da superfície total do fundo oceânico, são reconhecidos por abrigar a maior densidade de biodiversidade de todos os ecossistemas. Fatores como temperatura, intensidade luminosa, profundidade, concentração de nutrientes, material em suspensão e correntes são determinantes para sua distribuição geográfica. A maioria é encontrada em regiões tropicais e subtropicais dos oceanos de todo planeta (figura 1), ou seja, onde a água tem temperatura entre 25 e 30°C. Além da importância biológica, são fontes de recursos econômicos de milhares de pessoas, a partir de atividades de pesca e turismo. Em algumas regiões os recifes de coral funcionam como uma barreira que evita a erosão da costa pela ação das ondas (figura 2). Muitos ambientes com espécies diferentes de corais fornecem matéria prima para pesquisas na área farmacológica. Devido às das complexas cadeias alimentares e à intensa competição por espaço entre os organismos sésseis*, algumas espécies de coral produzem substâncias químicas utilizadas na proteção contra predadores e inibição da ocupação do espaço por competidores. A estrutura dos recifes é rígida e resistente à ação de correntes marinhas e ondas, podendo ter formatos variados como barreira (figura 3) ou atol (figura 4). É formada a partir da sobreposição de várias gerações de corais ou outros organismos portadores de esqueleto calcário. A denominação “recife de coral” é devida ao papel importante desses organismos para o sucesso ecológico do recife, porém, em diversas regiões incluindo o Brasil, algas calcárias e outros organismos tem tanta relevância no ecossistema quanto os corais. Os corais são animais invertebrados pertencentes ao Filo Cnidaria (o mesmo das águas-vivas e anêmonas) e à classe Anthozoa. Pode ser solitários ou coloniais, com cada colônia formada por milhões de pólipos segregados um fino esqueleto de carbonato de cálcio à sua volta. A estrutura consolidada do recife de coral permite que o ecossistema tenha alta diversidade também de invertebrados bentônicos*. Os corais não fazem fotossíntese, mas tem uma relação simbiótica* com algas zooxantelas. As células das algas ficam alojadas dentro do tecido dos pólipos e além de darem a cor ao coral, produzem componentes orgânicos que lhes servem de alimento. O coral, por sua vez serve de abrigo e fornece os nutrientes necessários à sobrevivência das algas. Por isso a intensidade de luz e a profundidade são fatores limitantes na distribuição geográfica de recifes: as algas precisam da luz para fazer a fotossíntese e quanto maior a profundidade, menor a penetração de luz na coluna de água. Os recifes sofrem impactos causados por atividades como sobrepesca e poluição por esgoto doméstico e industrial. As mudanças climáticas também influenciam na saúde desses ambientes. Um pequeno aumento na temperatura das águas superficiais pode provocar um fenômeno conhecido como branqueamento (figuras 5), que é a perda das zooxantelas. A quebra da cooperação vital que beneficia ambos os organismos faz com que o coral perca sua cor e exiba o esqueleto calcário, como pode ser observado na figura 6 (daí o nome “branqueamento”). O fenômeno pode provocar mudanças na estrutura das comunidades do recife e consequentemente afetar seu equilíbrio ecológico. Em diversos locais, eventos de branqueamento foram correlacionados com El Niño, quando a temperatura da água do mar fica mais elevada. A diminuição do pH dos oceanos (acidificação) também tem impacto sobre os corais e outros organismos com esqueleto calcário. Desde o início da revolução industrial, o oceano absorve grande parte do dióxido de carbono (CO2) da atmosfera resultante de atividades humanas. O papel do oceano é, portanto, imprescindível para o controle das mudanças climáticas, mas essa absorção causa efeitos nas propriedades químicas da água, dentre os quais a acidificação. No artigo do mês que vem vou continuar nesse tema e abordar um pouco mais sobre os impactos causados pelas atividades humanas nos recifes e sobre a situação desse tipo de ambiente no Brasil. Dúvidas, críticas e sugestões: renata.porcaro@gmail.com   Glossário: Organismos sésseis = não se deslocam voluntariamente do seu local de fixação Invertebrados bentônicos =  animais que vivem sobre ou enterrados no substrato do fundo do mar. Relação simbiótica = relação mutualmente vantajosa, na qual, dois ou mais organismos diferentes são beneficiados por esta associação. Fontes: LEÃO, Z.M.A.N., KIKUCHI, R.K.P. & OLIVEIRA, M.D.M. 2008. Coral bleaching in Bahia reefs and its relation with sea surface temperature anomalies. Biota Neotrop. 8(3):<http://www.biotaneotropica.org.br/v8n3/en/abstract?article+bn00808032008> http://www.icmbio.gov.br/parnaabrolhos/images/stories/downloads/Clovis_2000.pdf http://www.mma.gov.br/estruturas/chm/_arquivos/18_introducaobr.pdf http://impactoambientemarinho.blogspot.com.br/2010/08/branqueamento-de-corais.html http://pescaconsciente.wordpress.com/pesca-com-bomba/ http://www.mma.gov.br/ oceanservice.noaa.gov http://www.australiangeographic.com.au/ http://noticias.terra.com.br/ http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/aquecimento_global_ameaca_recifes_de_corais.html http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2012/03/1056166-mar-fica-acido-em-ritmo-sem-precedente-e-vida-marinha-e-afetada.shtml http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias2/noticia=736025]]>

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